sábado, 10 de julho de 2010

POESIA


MAIS SANGUE! MAIS SANGUE!

O Imperador do Mal,
dos quintais apodrecidos das Américas,
sentindo-se mais fortalecido do que nunca,
ataca de novo com sua empáfia de hiena pervertida:
Quero mais sangue! Quero mais sangue!
O sangue dos árabes inocentes!
O sangue dos latinos indecentes!
O sangue dos negros impotentes!

Recorro a Walt Whitman para detê-lo com
a voz da poesia.
E o Imperador, maléfico, insiste:
Quero mais sangue! Quero mais sangue!
E que Whitman vá para o Inferno!

Recorro a Charlie Chaplin para detê-lo com
a voz do humanismo.
E o Imperador, diabólico, explode:
Quero mais sangue! Quero mais sangue!
E que Chaplin vá para a puta que o pariu!

Recorro a John Coltrane para detê-lo
com a voz da paixão.
E o Imperador, nefasto, agride:
Quero mais sangue! Quero mais sangue!
E que Coltrane vá para o diabo que o carregue!

Recorro, por fim, a Susan Sontag
para detê-lo com a voz da sabedoria.
E o Imperador, maldito, não se contém:
Quero mais sangue! Quero mais sangue!
E que a Sontag vá se fuder!

Mando-o, então, à merda,
uma, duas, três, mil vezes,
e vou ouvir Pixinguinha,
Noel Rosa,
Luiz Gonzaga.
E me preparo,
calmamente,
para mais uma guerra.

Moacy Cirne

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