terça-feira, 25 de maio de 2010

POESIA

no carrosel dos mortos,
em sangue me descubro:
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO

POR DENTRO NEGRO MAIS NEGRO
MEUS IRMÃOS SÃO TODOS
NEGROS.
NEGRO O ROSTO BEM AMADO
NEGRO O MEU NOME: DANADO.

círculo negro sobre mim
e sangue até os joelhos.

olhos cegos cegos cegos:
furaram todos os olhos.
são todos os olhos – negros
são negros todos os cegos.

[“o gesto”, Miguel Cirilo. Os elementos do caos. Natal: Sebo Vermelho, 2001]

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